terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Herança ROM na formação brasileira



Muito se fala historicamente sobre Índios e Africanos; os primeiros: nativos de nossa terra, e os segundos: povo de várias etnias africanas que vieram para o Brasil como escravos servir de mão de obra para os europeus. Portanto, etnicamente somos uma mistura de 3 raças por assim dizer: indígena, africanos e europeu. As que foram massacradas e subjugadas pelo poderio europeu, hoje são exaltadas pelo povo brasileiro, principalmente o indígena. Os negros ainda tiveram que enfrentar e ainda enfrentam grandes preconceitos e discriminação, mesmo após séculos passados com o final do período escravocrata no Brasil. Mas não podemos dizer que atualmente a situação se mantem ou é pior que a 50, 30 anos atrás. De décadas e anos para cá, foi-se criando uma consciência humanitária não somente em nosso país, como em todo o mundo. Várias leis e penalidades que protegem povos e grupos sócio-cultural foram criadas para proteger e garantir seus direitos constitucionais e humanitários. Inclusive são louvados, exaltados e cultuados como antepassados do povo brasileiro em várias manifestações religiosas espalhada pelo Brasil. Nada mais justo tal reconhecimento.
Porém os direitos dos Ciganos e movimentos mais visíveis para a reparação de anos e séculos de preconceitos, perseguições e discriminação foram acontecer a bem pouco tempo atrás e ainda há muito a se galgar. É certo que não temos como comparar em termos de números de indivíduos, entre estes dois grupos étnicos. Os africanos e povos indígenas formam sua maioria, sendo os ciganos, uma minoria. Porém existe a diferença entre minoria e inexistência ou insignificância. O que é visto para grande parte dos Brasileiros é o desconhecimento completo que a etnia ROM fazia parte dos grupos de Europeus que vieram para o Brasil nos períodos históricos da formação étnico-cultural de nossa gente.

Muitas religiões e cultos de caráter afro-ameríndios (cultos que em seus alicerces tem bases africanas e indígenas), ou melhor, muitos adeptos de tais religiões, promovem segregações de espíritos Ciganos, por imaginar que não fazem parte quem sabe, da estrutura base espiritual de sua fé que é africana, indígena e influencias européias pelas mãos de nossos colonizadores. Mas fato que nossas bases étnicas também há a etnia ROM, pois muitos vieram para cá, deportados de Portugal e Espanha. Podemos levar em conta que neste caso, este grupo faz e está incluso na porcentagem da influencia européia; Portuguesa em sua maioria. Porém devemos destacar que os ROM, para se adaptar e poder viver em terras estrangeiras, se adaptava e absorvia muito da língua, costumes religiosos e sociais, e o modo de vida, sem perder a sua identidade, suas crenças, costumes, e sabedoria. Sendo assim, mesmo com a assimilação de outra cultura, estes não perdem a sua própria, permanecendo um povo com identidade e raízes próprias e distintas das demais, mesmo que estivessem vivendo num meio alheio a tal identidade racial, social e cultural. E por essa característica, podemos entender que foi preservado a herança e alma desse povo no processo de miscigenação na formação dos brasileiros. Em menor número? Claro, mas não inexistente ou insignificante contribuição. Pois toda forma de cultura de um povo é expressão de sua sabedoria acumulada de consciências anterior a atual. E isso jamais deve ser desprezada e vista como inferior em detrimento a outra cultura. Até porque, não esqueçamos a importância do sangue repassado pelos novos progenitores, falado em texto anterior. Podemos não saber exatamente de qual raça é todos os nossos antepassados familiares, mas nosso sangue não esquece jamais. Trazemos em nosso código genético todas as informações de todas as raças as quais somos descendentes e com certeza, em alguns brasileiros pelo menos, há a presença ROM em seu gene.     
E porque não valorizar essa herança, assim como valorizamos a dos índios e africanos ?
        

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Nomes de Ciganos, espíritos, “suas estórias” e os antepassados


Este texto tem o objetivo de esclarecer o que aos neófitos, parece muito confuso e, muitos por varias ocasiões acabam comprando as estórias sobre determinado espírito cigano como realidade. Acreditando quem sabe, que todos os Ciganos de mesmo nome, são iguais, tratando-se do mesmo espírito e, portanto sabedor de sua estória contada, cores, frutas que se determina etc.
Porém isso é no mínimo incoerente e ilógico, porque sabemos que os Espíritos Ciganos se agrupam sob determinado nome coletivo que represente sua “identidade espiritual” – a que ele se apresenta a incorporar nas tendas, terreiros e centros espiritualistas espalhados pelo Brasil – Por isso, entender que Cigana Carmem foi uma cigana  de 45 anos, que viveu na Espanha e teve uma filha, não vale pra todas as Ciganas Carmem. E assim vale para todo Cigano ou Cigana que se manifeste. Assim eles podem usar um nome genérico para uso exotérico, digamos assim, porém terá e tem obviamente outro nome, este relativo ai sim, a sua individualidade como espírito, como consciência criadora. Este nome não é revelado a qualquer um, ou usualmente. Este é reservado a preceitos essencialmente internos, de caráter profundo entre médium, espírito e o responsável por estar à frente dos rituais e desenvolvimento do médium, ou em contato restrito e íntimo de elevado nível mediúnico entre espírito e seu “guiado” (médium). Este nome virá carregado de significado familiar deste Cigano quando em vida e seus fundamentos energéticos que criará uma corrente magnético-fluídica com tais recursos, unindo o médium, o espírito e a energia canalizada do tronco familiar, estabelecendo um “alicerce” que ficará ativo e irradiando vibrações específicas que será a ponte de ligação mais profunda entre adepto do culto aos espíritos Ciganos, ao espírito Cigano e seus antepassados. Onde muito provavelmente o adepto seja igualmente um antepassado de mesma família ancestral. Porque ao estarmos cultuando um espírito sob uma identidade passada, nunca estaremos alheios a esta identidade passada, mas sim, fazendo parte dela, como um descendente encarnado de tudo o que ela trás e representou para a história da humanidade.
         Da mesma forma, quando estamos cultuando um espírito que se apresente ligados a nós dentro de uma identidade indígena, temos inevitavelmente uma ligação com essa mesma identidade, sendo de família comum ou afim, a nossa em tempos pretéritos. Além disso, quando louvamos os Negros Africanos, os Índios brasileiro, estaremos inegavelmente, cultuando os antepassados de nossa terra, de nosso sangue e tronco étnico comum entre nós; brasileiros. Com certeza, um de nossos antepassados, o tataravô de nosso bisavô, por exemplo, pode ter sido um índio ou negro, ou ambas as raças como os Caboclos que em seu significado quer dizer “mestiços” – Somos herdeiros dessas raças; de negros de vários troncos familiares distintos, de índios de outros vários troncos familiares distintos, de holandeses, portugueses, franceses, que se misturaram aos negros e índios, formando um legado mestiço que formou o que somos hoje. Somos por assim dizer, todos “Caboclos” e que louvamos nossa ancestralidade, repassada de geração a geração atrás do sangue, do DNA que não apaga jamais nossas origens, mesmo que elas sejam seculares e que na cor da pele, na voz, na fala, na cor dos olhos não sejam nítido os vestígios, mas nosso sangue não esconde ou nega nunca. Além disso, pensar na possibilidade de que não reencarnamos nesse território nesta vida pela primeira vez, podemos vislumbrar então que podemos ter tido alguma vida como um índio, ou filho brasileiro de escravo africano de Moçambique, Angola, Congo, Nigéria, Gana. Há na verdade, inúmeras possibilidades que nos conduz ao passado como parte dissociável de nós, de nossa família, de nossa gente, de nossos iguais.
Ao cantarmos, dançarmos, reverenciarmos e louvarmos a tais espíritos de identidades como estas, estamos também dançando, cantando e dando honras a nós mesmos, ao que nosso útero trouxe e irá trazer para a vida encarnada; ao antepassado e ao descendente. E esses “elos” transmitidos não se apagam com a morte física, pois, este corpo que habita meu espírito, é uma herança de minha raiz familiar ancestral específica de meu tronco familiar, logo tenho em meu corpo traços negros, índios, europeus. De onde eles vieram? De meus antepassados familiares, do tronco de meu pai e mãe.

 E quanta sabedoria tem em cada um desses troncos, quantas consciências construíram cada um, quantos valores, quantos registros há gravados dentro de cada “aglomerado ancestral” de nossos antepassados. E nos ligarmos a isso, além de ser uma forma de louvar nossos antecessores e tudo o que construíram para nós e que é parte da história humana coletiva também.

Baseados nisso tudo, ressaltamos que os nomes apresentados comumente entre uma manifestação e outra para o atendimento aos buscadores de amparo e orientação espirituais dos diversos núcleos de intercâmbio mediúnico, é que afirmamos tratar-se de nomes representativos apenas e não o nome que cada um deles tiveram conforme a encarnação que viveu dentro do contexto racial e social a qual está registrado em seu corpo espiritual na forma de Cigano, Índio, Sertanejo, Africano.
Entretanto, muitos espíritos podem se manifestar sem que nunca seu médium tenha exato conhecimento do que este é dentro desse tronco familiar e o que foi para o médium. Muitos cultos não se aprofundam nessa questão e pela natureza do mesmo, o intento da ligação entre médium e entidade se faz para o atendimento assistencialista aos freqüentadores, o público em geral. Logo o bojo central e visceral é estabelecer uma comunicação mediúnica para o benefício de terceiros; neste caso, o público que vai aos atendimentos oferecidos por cada casa. Porém para que se chegue neste nível de entrosamento digamos assim, para que a entidade possa se manifestar com segurança através de um canal comunicativo (seu médium), é preciso estabelecer e fixar um canal que servirá de elo, de intercessor, que irá viabilizar, não a comunicação, mas a devida e equilibrada sintonia satisfatória e íntimo entre energia do médium e energia da entidade e o que a ligação entre ambos, estabelece vibracionalmente. Ai sim, neste tocante, dependendo do culto, da casa e da forma que conduz seus rituais internos em ressonância com sua filosofia e conhecimentos, este elo será feito de forma superficial e genericamente ou de forma aprofundada e específica, indo buscar a família, os fundamentos de cada um e estabelecer isso dentro do ritual. Obviamente, portanto, indo no individual de cada espírito, trazendo sua identidade e seus elementos naturais que correspondem a esta, criando uma harmonia e sincronia com seu médium, seu guiado. Percebam que desta forma, o foco central de nosso culto é outro e não o atendimento ao público. Este se faz por conseqüência do todo, e não, por finalidade.

        

sábado, 21 de janeiro de 2012

O Hino Cigano

Assim como a Bandeira Cigana, o hino foi adotado como representante do povo Rom no Internacional Gypsy Committee Organized no " First World Romani Congress " - Primeiro Congresso Mundial Cigano - realizado em Londres, em 1971.

A música que se chama Gelem Gelem e foi composta por Jarko Janovic um Cigano Iugoslavo. Seus versos foram inspirados nos Ciganos que foram presos nos campos de concentração nazistas.

Dgelem, Dgelem lungone dromentsa
Maladjilem bhartalé romentsa
Ai, ai, romale, ai shavalê
Naís tumengue shavale
Patshiv dan man romale
Ai, ai, romale, ai shavalê
Vi mande sas romni ay shukar shavê
Mudarde mura familja
Lê katany ande kale
Ai, ai, romale, ai shavalê (bis)
Shinde muro ilô
Pagerde mury luma
Ai, ai, romale, ai shavalê (bis)
Opré Romá
Aven putras nevo dromoro
Ai, romale, ai shavalê (bis)


Andei, andei, por longas estradas
Encontrei os de sorte
Ai, ciganos, de onde vocês vem?
com tendas e crianças famintas
ai homens ciganos, ai jovens ciganos
Eu também tive uma grande família
foi assassinada pelo legião de preto
homens e mulheres foram mortos
entre eles também crianças pequenas
Ai, ciganos, ai jovens ciganos
abre meu Deus as portas escuras
Para que eu possa ver onde está minha gente
Voltarei a percorrer os caminhos
E andarei com ciganos de sorte
Ai homens ciganos, ai jovens ciganos
levantem ciganos agora é o momento
Venham comigo Ciganos do mundo
Ai homens ciganos, ai jovens ciganos

Tradução por Nicolas Ramanush Leite, presidente da Embaixada Cigana do Brasil.


A Bandeira Cigana


A bandeira Cigana que é comum em várias Tendas de atendimentos espirituais com espíritos Ciganos, e também é  símbolo oficial do povo de etnia Rom em todo o mundo, passou a existir a partir de 1971 no Internacional Gypsy Committee Organized no " First World Romani Congress " - Primeiro Congresso Mundial Cigano - realizado em Londres.  Neste mesmo evento foi também definido o hino Cigano que representaria todo o povo Rom chamado Gelem, Gelem.

A construção da Bandeira Cigana foi inspirada na Bandeira da Índia - suposto país de origem do povo Cigano - Suas cores; o azul representa a espiritualidade, o azul do céu, as coisas transcendentais, os valores do espírito. O verde representa a terra, os valores materiais, a riqueza da terra. A roda tem grande significado para os Ciganos, simbolizando todos os caminhos percorridos sobre a terra, as estradas, e o ciclo de vida contínuo. A roda tem 16 aros, que representam os 16 clãs de etnia Rom. 

Os Espíritos Ciganos e a Bandeira Cigana. 

Acreditamos que a Bandeira representa um marco que passou a se integrar a cultura e história de um povo, afinal, a história do povo Rom ainda está sendo contada todos os dias em cada núcleo familiar, em cada luta travada de grupos e organizações de Ciganos, unidos contra o preconceito e discriminação, a favor do respeito, direitos e igualdade. 

Porém no que tange Espíritos Ciganos, a atualidade dos acontecimentos de um povo, não está no conhecimento espiritual, pois justamente estes, nos traz o que é antepassado, a ancestralidade de conhecimentos mais antigos que nós. Não é qualquer espírito que foi um Cigano que tem elevação e condições espirituais, para poder estar como um mentor, um guia que possa guiar outra consciência. Os Espíritos que atuam como guias, mentores, amparadores, sejam de que forma se apresentem; como índios, africanos, orientais, é porque possuem capacidades de guiar, instruir, orientar, socorrer e amparar. Para que um espírito atinga tal nível é preciso de um tempo relativo, (obviamente a cada um) do desencarne deste mesmo espírito até ter plena condições de ocupar tarefas de auxílio a outrem. Tais condições não se atinge de uma hora pra outra. Sendo assim, coisas muito recentes, podem ficar alheias ao conhecimento dos Espíritos. Então algo que possa ser valoroso para o povo cigano de hoje, pode não ser para os Espíritos Ciganos. Não digo porém que eles não possam saber sobre a existência, haja vista que os Espíritos não vivem encarcerados no plano astral só vindo quando evocados. Eles transitam entre os dois mundos e podem tomar ciência dos fatos atuais, mas eles não vivem mais suas realidades encarnadas e sim, uma realidade espiritual como espíritos "guias" a serviço da espiritualidade, encarnados, sejam Ciganos ou não, a serviço do universo. Coerente e lógico que estes então, não se ocupem de questões sociais e culturais dos homens e não conservem paixões, louvores e reverencias a símbolos contemporâneos de seus descendentes encarnados.        




sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A Estrela de Lotus





Nossa Tenda nasceu da interação mediúnica de nossa Dirigente com suas entidades Ciganas que agrupou outros médiuns com o objetivo de estabelecer um elo de ligação com os espíritos ciganos destes médiuns, formando um núcleo familiar de culto aos Espíritos Ciganos e, estabelecer dentro de uma filosofia, rituais próprios e estrutura independente de quaisquer religiões, um meio de promover a harmonia e equilíbrio energético e espiritual de cada membro. Isso significa que nossa Tenda tem o foco voltado para o indivíduo e sua espiritualidade em sincronia com seus mentores Ciganos, e não para o público. Por isso somos um grupo de caráter familiar, onde nosso foco de ligação com o plano extra-físico é justamente o coletivo, a família carnal e espiritual que compõe nossa Casa. E portanto não temos dias específicos e estabelecidos de "consultas" ao público. O contato com o público é uma consequência de nossa união familiar que ocorre dentro de nossas correntes de rituais, nos dias para louvar e festejar junto com nossos mentores. Nossa Tenda possui 4 grandes Correntes durante o ano, sempre no início de cada estação. Além dos dias reservados em nosso calendário para festejar e homenagear nossos guias, Santa Sara, e os dias de abertura e encerramento dos trabalhos de cada ano. Fora estes dias, nos reunimos para rituais internos exclusivamente entre os membros da Tenda.

Pelo nosso bojo familiar, não trabalhamos com o sistema de consultas com entidades ou jogo de cartas e trocas financeiras. As grandes correntes onde são abertas aos que não são adeptos de nossa Casa,  e nos dias de festejos, embora possa haver atendimento com os Espíritos Ciganos, estes não cobram pelo atendimento, logo não temos nenhum tipo de caráter financeiro, seja com venda de artigos ou produtos, nem com cursos, ou consultas. Este caráter fechado e familiar foi estabelecido pelos nossos Mentores responsáveis pela Tenda; Zaira e Petrovick e por nossa Dirigente Ana. 

Acreditamos em algo chamado antepassados e por isso, cremos que cada adepto de nossa Casa; espiritual e carnal, compõem núcleos familiares entre si que se reuniram para trazer e despertar essa essência e energia adormecida muitas vezes. Como também para estabelecer se preciso for, a harmonia e equilíbrio dessa essência, quando ela está aflorada, mas em desequilíbrio e fascinação. 

Não acreditamos em acaso ou coincidência. Se estamos conectados a determinado espírito, é porque este, tem ligações espirituais conosco de uma vida para-além da nossa realidade encarnatória de hoje. E por muitas vezes, estes espíritos nos convidam para rebuscarmos conhecimentos escondidos em nosso corpo mental, nos registros de nossas vidas pretéritas, e nossa bagagem de sabedoria e experiência espiritual, afinal, não nascemos como espíritos nessa vida. Mas pelo escurecimento da matéria, não sabemos dessas experiencias. Mas o saber está guardado em nós. Então, para despertar esses saberes que serão valorosos ao nosso aprimoramento e melhoria de nossa vida aqui na terra, nossos mentores nos ajudam a traze-los até nós, num gesto de amor e carinho para cada um de seus irmãos de jornada. Sendo assim, mediante a crença de que nossos espíritos Ciganos, são nossos irmãos de caminhadas e andanças passadas, é que entendemos quando estamos festejando e louvando um Espírito Cigano, seja ele, o que atua através de nós, ou coletivamente, estamos também prestando louvor, reverencia e agradecimentos  ao que fomos, a partes de nós, que unidas formam um todo, um núcleo, uma família. Somos nós, integrados dissociavelmente junto aos nossos Ciganos, rendendo graças ao que construímos, ao que fomos juntos e o que podemos buscar nessa nossa essência antepassada para o crescimento individual, coletivo e harmonia espiritual. 

Não entendemos os Espíritos Ciganos como espíritos militantes de falanges ou de religião A ou B nem como qualquer espírito apenas "trajado de Cigano" numa roupagem fluídica que muda onde tais espíritos atuam. Embora entendamos que eles se manifestam popularmente sob nomes que refletem uma coletividade que acabou por fazer parte de uma lista extensa de nomes associados a Espíritos Ciganos, como Vladimir, Carmencita, Conchita, Boris, Esmeralda. Mas por detrás de cada nome desse, há um espírito que traz consigo um nome do que foi em vida, um tronco familiar, que tem em si, todo um conglomerado de energias ancestrais de todos os antepassados ligados ao mesmo tronco familiar. formando dessa forma uma corrente energética distinta de outras. E ao entrarmos nela, estaremos nos conectando a muitas riquezas de sabedorias  de consciências antiga, formada em gerações passadas. E é justamente esta essência por trás de cada entidade Cigana que vamos buscar, pois lá também estaremos. Temos a filosofia que repassamos que é a crença total da necessidade do homem atual em rebuscar um união mais íntima e profunda com a natureza a nossa volta. E por isso todas as nossas correntes e trabalhos são pautados nas estações do ano, nos elementos do fogo, da terra, da água, no poder da lua, do sol, das plantas, dos minerais, sementes, frutos e folhas da terra. Essa "reconexão" com nossos elementos naturais, favorecem a nossa harmonia e reconciliação com todas as criaturas e criações do criador, que a vida moderna ajudou a esquecermos de tamanha necessidade. Porque precisamos ser Um, integrado ao TODO. Dependemos uns dos outros para vivermos e nada está alheio a grande cadeia complexa chamada natureza, que faz com que o maior, dependa do menor para viver e vice versa. Buscando a nossa natureza interior, buscando a integração com elementos  naturais, estamos equilibrando a energia de nosso próprio corpo: material e energético, mente e consequentemente, nosso espírito. Por isso é tão grande a importância da estar buscando esses recursos naturais ao nosso benefício, mediante a um fluxo de energia mais compatível a nós. 
Cada Cigano em particular é estabelecido formas de culto e manipulações energéticas diferentes, conforme cada tronco familiar e energias naturais ligada aos elementos que este manipule para criar um elo harmônico que favoreça ao equilíbrio do seu guiado (médium) e estabeleça um elo de ligação entre ambos para promover um despertar da consciência antepassada em cada um, logo nossa Casa tem caráter mediúnico- anímico, onde o adepto pode ter contato com uma consciência passada dele mesmo. Aflorando um saber que ficou em seus registros do corpo mental, onde o trânsito entre os planos não apagou. E por tudo isso, é que entendemos que nem todos, vem com tal fluxo energético e consciência mais aflorada. Daí as inclinações por filosofias, ate mesmos religiões X, ou Y. Muitas pessoas tem fascinação pelo povo Cigano, mas toda fascinação é perigosa, pois podemos acabar criando o que não existe ou não existiu. Estar junto a mentores que foram Ciganos não é privilégio, mérito nem demérito, mas é parte do que fomos, tão vivo e atual em nosso espírito, em nossa alma. E portanto tal energia é mais forte em uns, do que em outros. Nem todos os médiuns das religiões e doutrinas mediúnicas terão espíritos Ciganos para atuarem mediunicamente. Assim como nem todos os médiuns de Tendas Ciganos, tem espíritos por exemplo de indígenas ou africanos, para atuarem através dele. E entendemos que cada união mediúnica-espiritual acontece por afinidade e existência mais forte que outras de memórias familiares antepassadas,  afloradas em nosso ser. E por isso, temos "alma Cigana".         

Paz, amor e prosperidade sempre!



Um conto contra o preconceito!

Dizem que o diferente nos atrai. Não sei se tal afirmação é de toda verdade, pelo menos no meu caso. Filha única de pais conversadores, fui criada dentro de padrões rígidos que me limitaram a uma infância solitária e muito introspectiva. Vivia num mundo a parte, só meu; de pensamentos, questionamentos, dúvidas, sonhos e fantasias comuns a todas as crianças. Desde que me lembro, sempre fui muito observadora, curiosa e questionadora. Então creio que foi o diferente, associado ao senso incomum de observação de uma criança de 7 anos, e a uma mente cheia de pensamentos e perguntas que me levou ao povo Cigano.

No bairro onde nós morávamos, a algumas ruas da minha, havia uma casa muito bonita que se destacava. Mas não era o tamanho ou a faixada da casa que me chamava a atenção, mas a mulher que entrava e saia dela. Todas as vezes que íamos ao banco ou algum comércio, meu pai estacionava no carro, curiosamente em frente aquela casa e eu não tirava os olhos de lá, só pra ver aquele senhora. E o que me chamava a atenção era uma longa saia que ela sempre estava vestindo. Sempre de cores fortes, bonitas, ou com estampados floridos. Além dos trajes longos, um cabelo loiro bem abaixo da cintura que poucas vezes vi soltos, me encantavam. Ao mesmo tempo que me atraia aquela mulher, me causava indagações do porquê ela ser tão diferente. Por que aquelas saias, sempre com muitos anéis, pulseiras. E uma vez estávamos no carro em frente a casa, quando ela chegou, parou na calçada e ficou alguns minutos conversando com outra pessoa. Tive um impulso de perguntar a minha mãe sobre ela; quem era, e por que usada aquelas roupas. minha mãe em tom de desprezo simplesmente disse que ela era uma Cigana. Aquilo ficou na minha cabeça durante horas naquela dia. E perguntas não paravam em minha cabeça. Principalmente por que minha mãe havia falado sobre ela daquela forma, e afinal, o que queria dizer que uma pessoa era Cigana? 

Embora esses pensamentos sobre a vizinha "estranha e diferente" do bairro não tivesse virado uma obsessão, vez ou outra, minha mente sempre voltava a pensar nela. E por muitas vezes a imagem dela, aparecia em minha tela mental. 

Alguns anos se passaram até que eu tivesse outro contato com algum Cigano. Durante esses anos, ouvindo comentários aqui e ali, fui criando uma ideia sobre eles. Aos 12 anos meus pais finalmente conseguiram comprar uma casa, num bairro perto de onde morávamos, e por coincidência, na mesma rua morava uma família de Ciganos. Como nos éramos muito reservados, demorou até termos algum tipo de contato com eles. Mas mesmo sem saber quem ou o que eram, todas as vezes que eu passava por lá, me chamava a atenção aquela casa porque na frente havia muitas coisas antigas amontoadas na varanda. Até que um dia eu vi as pessoas da casa, mulheres com roupas coloridas e saias longas, cabelos longos e me perguntei se seriam Ciganos, porque se pareciam muito com a encantadora mulher que estava em meus pensamentos anos atrás. Quando voltei para casa, nada falei com minha mãe e assim, o tempo passou. Até que um dia, minha mãe muito irritada, andava de um lado pra outro, da cozinha pra copa, resmungando sobre meu pai. Eu sabia que ele estava no portão falando com alguém e quietinha eu fui atrás espiar com quem ele estava falando. E vi um homem bem moreno de meia estatura, cabelos grisalhos compridos até os ombros, chapéu preto... Meus olhos arregalados olhando fixamente pra aquele homem velho, mas tão diferente. Suas roupas já surradas; calças, blusão e tinha um colete aberto que mostrava alguns cordões, e tinha também um anel. Nem sabia que homem usava anel. Ele estava falando com meu pai, mas nem prestei atenção o que. Só lembro do meu pai me mandando entrar. Obediente, entrei e não demorou muito, meu pai também entrou e foi aí que começou a discussão com minha mãe. Fiquei no meu quarto, mas dava pra ouvir claramente a voz feminina grosseiramente em tom de desagrado, falava - "você está maluco, querendo fazer negócio com essa gente? Esse povo é todo enrolão e trapaceiro".  Não se ouvia a voz de meu pai, só dela falando sem parar. Minhã mãe sempre dizia que meu pai parecia "Cigano", porque vivia atrás comprando, trocando e vendendo as coisas. Carros, passarinhos, objetos de ouro e prata, ferramentas, tudo que ele achasse que ia dar algum lucro ele negociava. Não conseguia ficar com as coisas muito tempo e muitas vezes, numa simples conversa de bar, acabava em negociação. Ela dizia "daqui a pouco você vai trocar a gente também por alguma bugiganga que não serve pra nada". Eu ficava rindo por dentro, porque achava tudo muito engraçado. Nessa época meu pai tinha um viveiro de pássaros; canários, sabias, melros, galo campina, e outras espécies e também os incluía na lista de barganhas que arranjava por aí. 
Sempre que eu podia passar em frente a casa dos Ciganos, eu passava bem devagar só para ficar olhando, vendo se via alguém. Havia algumas mulheres lá e crianças; tinham 2 pelo menos e um rapaz. Tinha muita vontade de entrar lá, conversar com eles, saber como eram, mas com o passar do tempo, acabei ficando com um misto de medo e atração. Medo por todos os comentários que eu ouvia de minha mãe, e atração não sabia porquê. Minha admiração e curiosidade sobre aquela gente, estava sendo minada pela minha mãe que falava horrores, comentários sempre cheios de desprezo, desaprovação e negatividade. Sempre os relacionando a falta de honestidade, ladrões, mentirosos, enganadores, sujos, entre outras coisas. E acabei criando um arquétipo pautado no preconceito e discriminação.

Fui crescendo e quando "mocinha" haviam muitas Ciganas no centro da cidade onde morava. Elas ficavam concentrada num beco e as vezes espalhadas em pontos da centro comercial. Sempre chamando as pessoas, geralmente mulheres para ler cartas, ou somente conversar. Apesar de não tirar os olhos delas ao passar, eu procurava desviar bem o caminho, pois sentia-me desconfortável quando elas me chamavam pra ler minha mãe ou com um baralho já envelhecido e desbotados nas mãos. E pre-conceito me embutido falava mais alto que minha vontade de estar com aquela gente. Eu sempre passava longe, mas nunca consegui deixar de esticar o olho para admirar suas roupas diferentes de cores vivas e toda aquela atmosfera de "coisas antigas", que talvez me desperta-se inconscientemente a coisas antepassadas, ao passado, ao antigo de mim.
Até que um dia anos mais a frente, andando pelo mesmo centro comercial onde elas ficavam aos montes, já não se via mais com facilidade aquelas mulheres. Mas ao caminhar distraída, fui surpreendida por uma mulher de meia idade, me falava que eu estava dividida entre dois amores. Aquilo ligou meu automático na situação em que eu me encontrava. De fato, estava na dúvida entre dois namoradinhos. Parei minha caminhada e sorri,  sem jeito, quando ela se aproximou mais, e me vi frente a frente com uma Cigana. Comecei a prestar atenção em seus traços, seus cabelos loiros compridos, rosto, e enquanto ela falava, percebi que já tinha visto aquela senhora, era a mesma mulher linda da casa grande e luxuosa que eu via em minha infância. Fiquei a me questionar, mas afinal por que ela estaria ali pela rua, tentando arrumar um dinheiro em troca de adivinhações.   Ela morava bem, possivelmente tinha dinheiro e não precisava aquilo. Enquanto eu me perguntava, a voz de minha mãe vinha a minha cabeça sobre as mulheres Ciganas que ficavam pelas ruas; trapaceiras, enganadoras e mentirosas. Que inventavam as coisas para as pessoas, se diziam videntes, para enganar as mulheres idiotas  que acreditavam naquelas bobagens que elas diziam. Bom, mas se elas não tinha o poder da vidência, como ela acertou sobre minha condição amorosa? E pra responder minhas perguntas, fixei minha atenção no que ela me falava, e bastou uma afirmação que não condizia com a realidade, para que eu desse crédito a minha mãe. Quando ela me pediu alguma quantia em dinheiro, o que eu pudesse dar, dei mais crédito ainda a tudo o que minha mãe sempre falava sobre Ciganos. E mais uma vez voltei a me fechar com medo de ser enganada, de estar fazendo papel de trouxa, de que todos a minha volta, estavam pensando aquilo sobre mim, e fui ficando incomodada de estar ali, ao mesmo tempo que queria estar. Não queria saber sobre mim, mas sobre ela, como vivia, quem era, no que acreditava. Todavia, me retrai, disse que estava com pressa e não tinha dinheiro e sai o mais rápido possível da frente dela.

Hoje, muitas águas rolaram por debaixo da ponte, muitas estradas percorri e caminhei. Aprendi a ver o mundo e as pessoas através de meus próprios olhos e sentimentos. E apesar de ter sido criada com ideias preconceituosas não somente contra Ciganos, mas contra os muito pobres, contra mulheres que não se enquadravam dentro dos padrões morais estabelecidos por minha família, por homens divorciados que não prestavam e com toda certeza os maiores alvos eram negros e homossexuais. Cresci no meio de todo tipo de julgamentos que mentes ignorantes, desprovidas de consciência social e humana poderia educar um filho. Vivendo cercada de piadas e comentários difamatórios, jocosos, e humilhantes contra vários grupos étnicos e sociais, sim, deixei que partes de mim fossem contaminadas por tais referencias. Mas lembro-me que sempre ouvia tudo e guardava pra mim, sem indaga-los sobre o porquê de tais afirmações. Um dia porém, minha mãe foi me buscar na escola. Estava saindo com minha melhor amiga, correndo, toda empolgada para perguntar se eu podia leva-la para ir fazer um trabalho escolar comigo. Minha mãe deu uma desculpa de que íamos sair, ela sorriu pra menina perguntando onde ela morava, e entramos no carro. Logo em seguida ela virou pra mim e me disse "Quem é essa preta que você quer levar pra casa?'- respondi que era minha melhor amiga e ela somente falou: " amiga preta?". Como sempre, fiquei quieta, mas não em meus pensamentos. Por que ela não podia ser minha amiga ? Somente porque era negra? Não era certo. Ela estava errada e senti raiva por isso. Depois que a raiva passou, veio a inconformidade de não aceitar essas posturas. Continuei a ser amiga dela e de todos as crianças brancas ou negras por quais tive afinidades e sentimentos. Nunca a confrontei com nenhum tipo de comentário do tipo, nem muito menos meu pai com suas brincadeiras jocosas e piadas de mau gosto. Mas dentro de mim, nunca aceitei sequer a cogitar achar por um segundo que eles estavam certos. Mas por que me deixei ser levada contra os Ciganos? Simplesmente porque apenas conheci um lado. Não tive contatos com Ciganos. O mistério e condição de segregação entre os Ciganos e o resto dos não-ciganos, contribuíram para que eu apenas os conhecesse através de minha família e seus comentários preconceituosos e ofensivos. Além disso, havia os filmes, a mídia; onde havia Ciganos no meio, era sempre associado a ladrões, assassinos, velhacos, feiticeiros macabros e rogadores de pragas.

A medida que o tempo passava, ficava cada vez mais raro ver Ciganos em minha cidade e com isso, acabei guardando-os dentro de minhas lembranças de infância. Até que a vida me conduziu a caminhos mediúnicos e comunicação com entidades espirituais. Passei por sérios problemas de afloramento mediúnico e mais tarde por ocasiões de problema no casamento, um amigo me disse que havia um "Cigano" que consultava e fazia revelações através de cartas e que podia me ajudar. Quando eu cheguei na casa onde este Cigano atendia, havia várias e vários pessoas esperando pra consulta com a entidade. Vi jovens vestidas com roupas que lembravam o Oriente. Todo o tempo que estive ali esperando pra falar com a tal entidade Cigana, me senti estranha, com sensações físicas pelo meu corpo. O cheiro de incenso era forte, porém agradável. Mas aquelas sensações estavam me incomodando, até que fui chamada para entrar numa sala e esperar. A decoração remetia a Ciganos espanhóis, num misto com referencias orientais do hinduísmo. E quando eu fui chamada para entrar na sala, meu peito ficou gelado. Meus olhos percorriam tudo e fixaram na entidade. Era um homem sentado, trajado de árabe, com turbantes pomposo e roupas brilhantes luxuosas ao estilo árabe, mas quando começou a falar tinha sotaque espanhol. Completamente diferente de minhas referencias Ciganos. Não questionei nada naquele momento. Apenas sentia. Sai de lá maravilhada com a entidade, por ela além de ter me dado conselhos prudentes e de bom senso, falou muito sobre minha vida de fatos que ele não teria como saber. Não tive qualquer tipo de dúvida de que ali realmente havia algum poder sobrenatural, embora não sabia exatamente o que. Apesar de minhas educação católica e crença espírita, não entendia o mundo "das entidades espirituais" e tudo era muito novo pra mim.  E a partir dali, voltei várias vezes na Cigana, fiz trabalhos para ajudar-me em meus problemas pessoais e com isso, acabei de interessando por buscar respostas as minhas indagações referentes aos mecanismos que podiam envolver esses espíritos que se manifestavam sob identidades raciais e sociais, no caso, como Ciganos. E muitas indagações pairaram em minha mente e iniciei minha busca.  Primeiro: o que os árabes tinha a ver com os ciganos, por que o falar de um árabe com portunhol (português com sotaque espanhol), espíritos tinham pátria? Esses espíritos eram de fato Ciganos que viveram aqui? Como minha base doutrinária era espírita, não entendia esse universo de entidades sob determinada identidade grupal e não individual. 
E foi justamente essas perguntas que me levaram de volta ao povo Cigano de certa forma. Acabei entrando para a Tenda de Trabalhos espirituais que tinha aquela entidade Cigana como mentor. E fui tendo muitas respostas sobre os espíritos Ciganos de uma forma espiritual e mediúnica. Mas e o povo Cigano? Onde se encaixa em tudo isso? No tocante a minha relação com a etnia Cigana e a construção deveras negativa que tive em minha vida, a relação com os espíritos ciganos, serviu-se como uma ponte de ligação para buscar um conhecimento histórico, cultural e filosófico sobre este povo. E cada vez mais foi-se aderindo em minha respeito, admiração e amor por um povo que indiscutivelmente está na história da construção de nosso povo, assim como os negros africanos e grupos indígenas; os nativos de nossa terra. E o que me foi passado com tanto preconceito, desprezo, medo e segregação, o que acabou sendo minha única fonte de contato e saber acerca desse povo, acabei de certa forma, vendo o outro lado da história de ódio e discriminação. Tanto por parte dos espíritos ciganos que caminham hoje comigo, como através da busca do conhecimento histórico, cultural e espiritual desse povo aqui no nosso país e pelo mundo a fora. 

Mas senão fosse meu lado espiritual, talvez jamais fosse buscar desmistificar e rever o que me foi passado sobre o povo Cigano. E eu viveria, assim como milhares de pessoas, na generalização do que a mídia, a televisão de um modo geral nos passa e com a educação que recebemos de família e sociedade sobre estes. Porém não tenho o olhar pessimista para o meio que nos cerca e acredito que muita coisa mudou, mas a passos curtos. Muito ainda há de ignorância, pre-conceito e ideias completamente distorcidas sobre o que de fato cada um é. Quem sabe nos acostumamos com os pensamentos arcaicos e irracional para o que nossa realidade de hoje pede, que se não buscarmos um revisão íntima do que somos e em que acreditamos, como vemos o mundo a nossa volta e como interagimos com ele, se não houver um despertar interno para o outro, jamais iremos nos livrar do ranço egoísta que cada vez mais nos faz egocêntricos e preconceituosos e discriminalistas, pois somente damos espaço para os que dentro de meus padrões morais, raciais e sociais se enquadra. Mas o mundo é bem maior do que o nosso próprio umbigo e quintal. Através de esforço de muitos, muita coisa tem mudado e cada vez mais pessoas então buscando princípios mais humanitários e coletivos dentro de si, buscando promover um despertar íntimo para posturas mais dignas e elevados, como o respeito as diferenças seja ela quais forem, a preservação dos recursos naturais de nosso próprio planeta, a reformar a educação de nossos filhos e ai sim, estamos começando a plantar as sementes "da nova era". É dentro do seio de cada núcleo familiar que o futuro coletivo acontece. A educação de nossos filhos, de nossas crianças, é fator primordial para a renovação do pensamento e comportamento humano social. A educação que tive, é inaceitável nos dias de hoje. E cada vez mais, devemos garantir que nossos filhos cresçam livre de estereotipagem, preconceitos, discriminações, violência, agressividade, egoísmos. Valores sublimes como a igualdade, e respeito, o semear as boas sementes da amizade, da fraternidade, solidariedade, o bem coletivo e o amor incondicional é a regra de ouro para a educação de nossos meninos e meninas que darão amanhã, a continuidade do que somos hoje e serão os frutos maduro, de onde tirarão as sementes para semear aos nossos netos. 
Quanto a mim, tive que tirar muitas sementes e raízes daninhas, no meio de outras dadivosas, para poder hoje 
semear boas sementes aos meus filhos, pois, o que eles serão amanhã, depende de mim também. 



sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Uma Mãe chamada Lua

 "O efeito Lua" , de Marcia Mattos






No nosso sistema solar, a Lua é o corpo celeste que se movimenta com mais rapidez.
A cada 28 dias ela perfaz uma volta completa em torno da Terra e percorre 360º do zodíaco.
A cada 7 dias ela muda de fase. A cada 2 dias e meio atravessa um signo inteiro e em poucas horas visita outros planetas, fazendo e desfazendo aspectos e ângulos com eles.
A Lua se move 1º a cada 2 horas.
Devido a este intenso movimento, atribui-se a ela o domínio sobre todas as atividades da natureza e do homem que sofrem grande variação, que têm ciclos rápidos e que se completam numa curta duração. 
São portanto próprios dos domínios da Lua a mutação e a flutuação.
Se ela não é o fator decisivo nas subidas e descidas das atividades humanas - ao longo do ano - é, sem dúvida, o determinante principal de pressão dentro de um mês, uma semana e, sobretudo, a grande vedete das variações ocorridas ao longo de um dia.


A Lua & a Fertilidade 
Tradicionalmente, a Lua representa o Princípio Feminino por excelência: a mulher/mãe na sua capacidade de fecundar, gestar, proteger e nutrir sua cria.
Por isso, se atribui a ela o domínio sobre todos os processos e forma de fertilidade e nutrição. Partos, gravidez, gestação, concepção - estão todos sob a regência da Lua. 
É conhecido o impacto sobre a incidência de partos na troca de Lua.
A Lua Cheia é a campeã na precipitação dos nascimentos. É muito difícil resistir à chegada da Lua Cheia quando as semanas de gestação já estão cumpridas ou próximas de se cumprirem.
Para quem tem ciclos de ovulação/menstruação irregulares recomenda-se um tratamento que siga a Lua de nascimento da pessoa para que a menstruação se regule assim naturalmente.


A Lua & a Nutrição
Ela também atua sobre o metabolismo, o apetite, a assimilação dos alimentos e dos líquidos no organismo e, portanto, sobre o processo de se ganhar, manter ou perder peso. 
Dependendo do signo em que a Lua se encontra, os aspectos formados e a sua fase, até o tipo de consumo e a preferência de alimentos são alterados.
Por exemplo: a Lua transitando no signo de Touro ou de Leão estimula o consumo de produtos de delicatessen. Luxo puro! Pães e massas também são preferidos quando a Lua se encontra em Touro. Já sabores picantes e condimentados ganham destaque quando a Lua está em Escorpião. As carnes são mais consumidas também quando a Lua se encontra neste signo e em Áries. Como podemos ver há toda uma estimulação sensorial e principalmente do paladar de acordo com a posição da Lua nos signos. 


A Lua & as Águas
Devido à força gravitacional que exerce sobre a Terra, a Lua atua sobre o volume, o fluxo e refluxo dos líquidos e das águas existentes sobre a Terra, nas camadas subterrâneas pressionando o interior da Terra, no interior dos vegetais e no corpo humano.
As marés dos oceanos, dos rios, a seiva dos vegetais e o fluxo de sangue e de líquido no organismo sofrem a influência da Lua, na medida em que ela se movimenta em relação ao Sol.
Com isto a vegetação, a agricultura, a pesca, o clima e até a saúde se tornam fortes áreas de influências da Lua. Há toda uma ligação entre umidade e as fases da Lua. Por exemplo: a secagem da madeira, a fase propicia para seu corte, a predisposição maior para sua conservação ou apodrecimento ou até a melhor absorção de tinta e verniz têm a ver com as fases da Lua.
A maior ou menor durabilidade das folhas, frutas e legumes também.
As mudanças do clima - principalmente as chuvas - podem ser indicadas pela Lua.
A presença de halo amarelado em torno do disco na fase de Lua Cheia é sinal certo de chuva. As próprias mudanças da fase da Lua são precipitadoras de mudanças de tempo


Lua & as Emoções
É a Lua que dá o tom emocional do dia.
Ela causa um grande impacto sobre o comportamento humano, sobre o humor das massas e sobre o estado de ânimo coletivo.
A sensibilidade, as reações e as flutuações emocionais das pessoas são em grande parte reflexos dos movimentos da Lua.
Certas posições da Lua no Céu predispõem as pessoas a se sentirem muito mais receptivas, extrovertidas e encorajadas, ao passo que outras, ao contrário, inclinam as pessoas a se mostrarem mais desanimadas, fechadas e até pessimistas.
O grau de carência emocional e maior necessidade de afeto também estão muito associados aos ciclos da Lua.
As pessoas ficam muito mais bem humoradas quando a Lua se encontra em Sagitário. Mais sensíveis com a Lua em Câncer. Mais radicais e desconfiadas com a Lua em Escorpião, e tagarelas com a Lua em Gêmeos.
A Lua Cheia costuma ser catártica para as emoções e a Lua Minguante será a mais propícia para digeri-las e elimina-las. Em silêncio.


A Lua & as Atividades
O comércio, os setores de entretenimento e lazer e todas as atividades que dependem diretamente de público são as mais sensíveis às influências da Lua e sofrem as naturais oscilações próprias do setor, devido aos rápidos movimentos da Lua geradores de inconstância e flutuação.


A Lua & Ciclos de  Crescimento
A Lua regula as subidas e descidas de qualquer ciclo.
Há definitivamente crescimento e queda de energia numa maré de pico ou de baixa associada à Lua.
Qualquer atividade, situação ou comportamento que tenha um começo determinado, se expanda e se desenvolva até alcançar os seus resultados plenos e, depois, se retraía em direção a uma diminuição, está diretamente sob a influência da Lua.
Por exemplo, engordar ou emagrecer é, em última instancia, a extensão dos efeitos da Lua em suas fases de aumentar - crescer - diminuir - minguar. Como uma visível barriga no céu. 
Tudo que quisermos que cresça e se revele ou ao contrário, diminua, se contraia, perca a força ou até desapareça, devemos fazer sob a correta influência da Lua.
No mesmo caso se incluem: tratamentos de saúde e beleza, dietas, gestação, jardinagem, agricultura, transações bancarias, relacionamentos e muitas outra atividades. Para prolongar o corte do cabelo ou o efeito das tinturas a boa Lua é a Minguante. Depilação entram nesta fase também.
Cortar cabelo para crescimento rápido é bom na Lua Crescente. Em compensação começar dieta de emagrecimento é perda de tempo nesta fase.


A Lua & os Relacionamentos
O mais próximo corpo celeste da Terra, a Lua mexe espetacularmente com as emoções e os desejos coletivos; reflete, portanto, nos romances e na vida afetiva.
Dependendo do signo em que a lua se encontra no céu, da sua fase ou dos aspectos formados com outros planetas, ocorre uma disposição maior das pessoas para os romances, os encontros e as aproximações.
Os sentimentos podem estar mais apaixonados ou mais esfriados. A comunicação emocional pode estar mais fácil ou, ao contrário, as manifestações afetivas mais contidas. Laços antigos podem, em alguns momentos, ser mais gratificantes do que novas aventuras.
Tudo isto depende da Lua!
Durante a Lua Cheia é quando nos sentimos mais ávidos de relacionamento e ansiamos por um par. Mas as maiores crises também ocorrem nesta fase.
É mais fácil terminar relacionamentos e se desligar dos nossos afetos na Lua Minguante.
A lua em Escorpião predispõe a ciúmes e a sentimentos de posse e controle.
Os bons aspectos entre Lua e Vênus que acontecem várias vezes ao mês são mais favoráveis para romances.


A Lua & a Saúde
A Lua tem atuação decisiva sobre todos os líquidos do nosso planeta, inclusive do nosso corpo. Por esta razão, é aconselhável observar o comportamento da Lua antes de nos submetermos às cirurgias. Devido ao controle que a Lua exerce sobre os líquidos do organismo, pode inibir ou predispor inchaços, hematomas, edemas, hemorragias e interferir na qualidade e na duração do pós-operatório.
Dependendo do signo em que a Lua se encontra ou dos aspectos formados por ela alguns órgãos ficam mais sensibilizados e certos tipos de tratamento se tornam mais eficazes. A Lua Cheia é menos indicada para cirurgias e a Minguante a mais favorável.
Quando a Lua se encontra nos signo de Touro, Escorpião, Aquário e Leão, temos mais chance de procedimentos estáveis e previsíveis durante a cirurgia


A Lua & o Sono
Como contra partida do Sol - o astro do dia - ela preside a noite e interfere diretamente sobre a quantidade e qualidade do sono e dos sonhos.
Sonos agitados, noites mal dormidas ou ao contrário horas reparadoras de descanso e sonhos sublimes dependem, em grande parte, da passagem da Lua pelos signos e dos aspectos formados a outros planetas.
Pessoas com mais predisposição à insônia sofrem mais na Lua Cheia.
Lua e Netuno sob má influência dão sono e Lua e Urano tiram o sono.


A Lua & a Casa
Como rege mudanças em geral, mudanças de casa ou de escritório não escapariam de sua influência.
É recomendável observar o comportamento da Lua para realizar qualquer tipo de operação que envolva um imóvel: compra, venda, obras, consertos, instalações e principalmente o dia da mudança.
Boas ligações entre Lua e Saturno são ideais para transações imobiliárias e reparos da casa. Lua e Plutão para jogar coisas inúteis fora.
A Lua em Virgem é ideal para faxina e arrumação.


A Lua & o Ambiente de Trabalho
A Lua interfere muito em nossa produtividade, disposição, concentração, estado de espírito e relacionamento com as pessoas. O ambiente de trabalho é portanto profundamente afetado por ela. Principalmente para as pessoas que trabalham diretamente em contato com o público. Até a natureza das atividades recebe influência deste manhoso satélite. A Lua em Gêmeos favorece as atividades ligadas ao comércio e à divulgação e publicidade. A Lua em Sagitário já privilegia as atividades culturais e os grandes eventos, inclusive esportivos. Uma ligação desarmônica entre Lua e Netuno gera desconcentração e baixa produtividade; já, entre Lua e Mercúrio, predispõe à superposição de tarefas e trabalhos interrompidos e inconclusivos. É definitivamente bastante produtivo verificarmos a posição diária da Lua para otimizarmos o nosso desempenho profissional.


Este texto é baseado no Livro da Lua 2004.











Podemos ter uma ideia aproximada lendo este texto de Márcia Mattos, como a Lua é importante para a nossa vida aqui na terra, como ela é importante para a própria terra e como ela influencia nossas atividades. 
 E para o povo Cigano a Lua, assim como o sol, são sagrados. Em sincronia com os ciclos lunares é que os Ciganos faziam suas colheitas, plantações, rituais e cerimônias. E os Espíritos Ciganos também atuam muito através desse elemento natural para seus trabalhos e sortilégios. Cada Lua é boa para trabalhos e magias diferentes, conforme a terra recebe a influencia da lua através das fases lunares. As plantas sofrem grande influencia pela lua. Um Exemplo: a lua minguante é ideal para as raízes, pois a energia que se concentra na terra, desce para o subsolo, pela quase nula influencia que a lua oferece a terra. A lua cheia é ideal para a colheita de flores e folhas, pois a seiva se concentra nesses locais nessa fase lunar. 


A Lua tem a energia feminina e atua nas emoções, desejos e sentimentos humanos. Mas não é somente isso. Este astro influencia mais diretamente a mulher e seus ciclos de gravidez e menstruação. 


Tenda Estrela de Lotus


A Lua e a menstruação 

A cada 28 dias a Lua completa seu ciclo de crescente a minguante. A Lua Nova marca a primeira iluminação e um fiapo fica visível no céu noturno. A Lua então cresce até o primeiro quarto, quando se pode visualizar a metade de seu disco. Continua a crescer e completa-se até atingir a Lua Cheia. Neste ponto, começa a diminuir de tamanho até o terceiro quarto, quando novamente só se vê a metade do disco e continua assim até que não se veja mais seu disco. Em quinta fase, esta Lua Escura dura três noites e esta, é este é o mais poderoso de todos os ciclos da Lua.

A Lua, com seu ciclo de nascimento, crescimento e morte, é um lembrete poderoso, todos os meses, da natureza dos ciclos. Em épocas remotas, os ciclos menstruais das mulheres eram perfeitamente alinhados com os da Lua. A mulher ovulava na Lua Cheia e menstruava na Lua Escura. A Lua Cheia era o ápice do ciclo da criação, era  quando o óvulo era liberado. Nos 14 dias que antecedem esta liberação, as energias da criação reúnem tudo que é necessário para constituir o óvulo. Quando passava a Lua Cheia e o óvulo não era fertilizado, tornava-se maduro demais e se decompunha, derramando-se no fluxo natural de sangue na Lua Escura. Quando a mulher vive em perfeita harmonia com a Terra, ela só sangra os três dias da Lua Escura. Quando a Lua Nova emerge, seu  fluxo naturalmente deve cessar e o ciclo da criação é reiniciado dentro dela.
Em nossa sociedade atual, o uso de pílulas anticoncepcionais, fez com que a mulher deixasse de incorporar e compreender este ciclo de criação e destruição dentro de si.



Alguns índios norte-americanos, consideravam a Lua uma mulher, a primeira Mulher e, no seu quarto minguante ela ficava "doente", palavra que definiam como menstruação. Camponeses europeus acreditavam que a Lua menstruava e que estava "adoentada" no período minguante, sendo que a chuva vermelha que o folclore afirma cair do céu era o "sangue da Lua".
Em várias línguas as palavras menstruação e Lua são as mesmas ou estão associadas. A palavra menstruação significa "mudança da Lua" e "mens" é Lua. Alguns camponeses alemães chamam o período menstrual de "a Lua". Na França é chamado de "le moment de la luna".
Entre muitos povos em todas as partes do mundo as mulheres eram consideradas "tabu" durante o período da menstruação. Este período para algumas tribos indígenas era considerado um estado tão peculiar que a mulher deveria recolher-se à uma "tenda menstrual" escura, pois a luz da Lua não deveria bater sobre ela. O isolamento mensal da mulher, tinha o mesmo significado que os ritos de puberdade dos homens. Durante este curto espaço de tempo de solidão forçada, as mulheres mantinham um contato mais íntimo com as forças instintivas dentro de si.
Em tribos mais primitivas, nenhum homem podia se aproximar de uma mulher menstruada, pois até sua sombra era poluidora. O sangue menstrual, nesta época, era tido como contaminador. Acreditavam também, que a mulher menstruada tinha um efeito poluente sobre o fogo e se por algum motivo se aproximasse dele, esse se extinguiria. 

Por vários motivos as mulheres acabaram impondo à si mesmas uma abstinência, muito embora, tanto nelas como nos animais, o período de maior desejo sexual é imediatamente anterior ou posterior a menstruação.
Hoje, uma compreensão científica e objetiva já nos livrou de todos estes tabus, mas é bom lembrar que em certo momento histórico, inconscientemente, a natureza instintiva feminina podia provocar a anulação dos homens. 

Texto retirado do site templodalua.zip.net


A Deusa-Mulher 

Para as mulheres, a Lua tem um significado especial. Em tempos remotos, as sociedades eram matriarcais, a mulher era a personagem principal da trama humana, ainda não se tinha conhecimento do papel do homem na geração. A Lua, Deusa-Mulher com suas fases marcava os ciclos de suas filhas, que por sua vez geravam a civilização. A menstruação das mulheres era a benção que a Lua dava à suas filhas para poderem gerar e criar. O tempo era marcado por essas duas fases, a da Lua e a das mulheres, de fato vemos que a palavra Menstruação ainda guarda em sua raiz esse significado, do grego men, "mês". Entre os índios Caapor alguns dos costumes antigos ainda persistem, as mulheres quando menstruadas se recolhem em uma cabana, para lá se recuperarem e se ligarem novamente às suas raízes, os homens dizem que nessa época as mulheres ficam mais fortes, perigosas até, resta-lhes apenas procurar a distância. Para essa tribo e para quase todos os povos da antiguidade, a primeira menstruação definia a transformação de uma criança em Mulher, sacerdotisa da Lua e seus mistérios. Menarca, o primeiro sangue, tem suas origens no língua grega, "men" mês ou tempo e "arkhe" início ou começo.

Para as mulheres de hoje, a menstruação e a Lua se tornaram tabus, símbolos de algo proibido, esse tabu nada é além do segredo em torno desses ciclos, e da força por trás dos mesmos. Para a nova civilização patriarcal os símbolso do poder feminino tiveram de ser enterrados, para assim não significarem mais perigo para a nova ordem estabelecida. Na TV vemos propagandas de produtos criados única e exclusivamente com o fim de banalizar e tornar sujo a maior dádiva da mulher, seu sangue, que flui seguindo uma lei antiga, a mesma que fêz Zeus curvar-se perante as Moiras, mesmo depois de assumir seu lugar como Herói, patriarca do novo tempo. Porém, a decadência dessa sociedade e dessa consciência vêm trazendo à tona antigas verdades que adormeceram no passado. As gentes procuram cada vez mais se ligar aos antigos deuses e deusas, voltar ao útero da Grande-Mãe, e o papel feminino nessa jornada é fundamental. Em tempos últimos temos visto a crescente onda de divórcios e de mulheres buscando a liberdade e a liderança, a participação feminina em grandes empresas vêm aumentando, e comprovadamente se mostrando mais competente que a masculina. Essas mulheres, que renovaram antigas crenças, hoje fazem renascer a crença na Lua-Mãe, orgulhando-se de seu sangue e dançando nuas ao redor de fogueiras sob os olhos da matriarca. 

Um ótimo exercício para confirmar as influências da Lua sobre o ciclo menstrual e emocional da mulher é o que apresentaremos a seguir. Faça uma tabela, com quatro colunas, cada uma para uma fase lunar. Nas linhas de cada coluna procure anotar a data de seu ciclo menstrual, os sintomas e suas emoções. Ao final de algum tempo poderá verificar como as fases da Lua refletem nas fases de seu corpo, e assim poderá alinhar-se mais facilmente às energias da Matrona, seguindo como muitas o caminho de volta ao útero primal.

Texto retirado do site www.tudomania.com.br

Além disso, já percebeu que na grande maioria das vezes as mulheres ficam menstruadas entre a madrugada e o amanhecer? Na transição da Lua para o Sol? 

Para algumas religiões a menstruação também é um tatu, não podendo a mulher menstruada participar de várias atividades dentro dos centros e terreiros de religiões afro-ameríndia descendentes. Podemos ver com os textos que este costume vem de vários povos antigos e não é "invencionices". Essa crença veio de algum conhecimento secular. Para algumas culturas o sangue menstrual é impuro e já para outras (como a africana-Nagô) é sagrado, pois reflete justamente o poder da fertilidade feminina, do útero capaz de gerar a vida, de nutrir e prover.

Porém a questão de que o sangue menstrual é impuro, tem um fundo de coerência. Cientificamente as mulheres menstruam porque não ocorreu a fecundação de seu ovulo. O sangue menstrual que se concentra no útero é para "alimentar" o ovulo fecundado. Como não há a fecundação, o sangue é expelido pelo organismo, onde também expele algumas impurezas que estejam nas paredes uterinas. Bom, ai fica a cargo da interpretação de cada um. 

Tenda Estrela de Lotus

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Um Povo de Magia

Ao contrário do que visualizam muitos integrantes e admiradores de espíritos Ciganos, estes são espíritos muito ligados as energias dos elementos e a uma vida integralmente dependente do meio a qual estavam e procuravam viver em sincronia com a natureza a sua volta. 
Dentro dos núcleos Ciganos, muito próximos aos grupos/tribos indígenas, cada membro tinha o seu papel em prol do grupo, do coletivo, para que tudo funcionasse para o progresso e bem comum de todos. 
As mulheres eram as senhoras da magia, da sensibilidade, clarividência e conhecedoras dos poderes naturais da terra e suas plantas para a cura dos males físicos ou espirituais. Poderes estes que eram despertados muito cedo. Os homens responsáveis em conduzir o grupo para estradas afortunadas e manter o alimento, a subsistência, os negócios para gerar vantagens e lucros para o bem coletivo.

Povo supersticioso, místico e alegre, profundamente ligados a música e danças como forma de celebrar a vida, a família e espantar maus e tristes pensamentos.  

E os Espíritos Ciganos trazem muito dessa essência para nós, através de suas magias, costumes e sabedoria passada. Através das danças, liberam energias , assim como outras falanges de religiões afro-ameríndia. Ao liberar energias, acabam favorecendo o equilíbrio de nosso campo energético, e de nossos chacras. 

Os Espíritos Ciganos tem formas de trabalho e instrumentos de trabalho muito peculiares e diferentes de outras entidades de outros Cultos. Atuam muito com ervas, aromas, fogo, pedras e cristais, água, símbolos, cores, frutas, raízes e sementes, e outros instrumentos que refletem suas magias, como punhais, penas, resina de arvores, etc.


Estão presentes dentro de várias religiões brasileiras, como a Umbanda e o Catimbó. No primeiro; agregados a falange de Exus e Pombogiras. E no Catimbó, são chamados de Mouros e pertencem a um reino dessa religião. Inclusive são "donos" de um dos oráculos da Jurema, feito com sementes. Muitos Ciganos na Jurema foram consagrados a ciência sagrada em vida, e outros são entendidos como encantados. Tem suas cores o azul céu e vermelho e aceitam frutas em oferendas. 




              Os Ciganos trabalham dentro de qualquer campo de atuação, seja para abrir caminhos, para a melhoria financeira numa situação de difícil, para o amor, para saúde, para descargas de energias, para o equilíbrio mental e emocional. Como um grupo de atuação espiritual independente de outros grupos e "falanges", podem oferecer um atendimento aos necessitados e aflitos que batem as portas de suas Tendas e sentem afinidades e o "chamado" a esses espíritos, que irão ajuda-los dentro do que precisem e estevam sofrendo seja para cura ou abertura de caminhos ou desmanche de energias nefastas enviadas.