terça-feira, 6 de agosto de 2013

A Tenda Espiritualista Estrela de Lotus


Aproveita para agradecer a todos os espíritos Ciganos que estão juntos dentro de nossa egregora formando um só corpo; material e espiritual com o objetivo comum para o progresso, sucesso e aprimoramento espiritual em ressonância com o louvor aos nosso antepassados. Obrigada Cigano Petrivic, mentor e guia chefe de nossa "família cigana". Cigana Zaira, minha mentora, orientadora e amiga, e aos Ciganos:Vladimir,Sirium,Sunakana,Baltasar,Yasmim, Ciganinha Miramar, Carmem, Esmeralda. Obrigada a todos vocês! Que Santa Sara ilumine sempre a todos nós!



sexta-feira, 16 de março de 2012

A diversidade de um Povo




Entender o povo Cigano contemporaneamente e não com conjunturas de uma origem remota na Índia e dos grupos que lhe deram origem, é entender que faz-se necessário trilhar pelo caminho do entendimento da DIVERSIDADE. Diversidade  na: religião, costumes, crenças, rituais espirituais, filosofias, cor de pele, idiomas e dialetos falados para se comunicar, entre muitas outras coisas.
Porém, pseudos-sábios defendem fervorosamente que Rom - Cigano que é Cigano só tem que falar o Romani, ser deste ou daquele entendimento espiritual, ter esta ou aquela crença, ser desses ou daqueles traços físicos. E não é por aí.

Sabemos que o Cigano é povo nômade, mas não por escolha e sim porque eram segregados e expulsos por onde passavam. E esse estilo de vida, é o fator decisivo para a multiplicidade de traços e "corpo" do povo, até porque eles precisavam se adaptar ao local onde ocupavam. Por tempo obvio, indeterminado, mas eram obrigados a se adaptarem para poder sobreviverem. E isso conferia a assimilação da língua local, certos costumes e hábitos do cotidiano, e muito comum a miscigenação entre os povos locais de onde ocupavam. Achar que a essa altura do campeonato, os Ciganos são "puros" racialmente falando em detrimento a sua origem em terras indianas, é ingenuidade. Por isso vemos ciganos brancos,morenos, ruivos, de pele clara ou escura, e das mais variada tonalidades e traços corporais diversificado. E essa mistura de raças, não é de hoje, mas nasceu junto com a interação dos povos através dos tempos.

Mas o Cigano não é um povo que conserva suas tradições e etnia? Sim. Indiscutivelmente. Inclusive cito que os Ciganos da maioria dos grupos existentes, são obrigados a falar o romani ao estarem entre si e em seus núcleos familiares. Isso ajuda a conservar sua língua e seu dialeto vivo, sendo passado as gerações futuras. Mas assimilar e adaptar-se a outras formas de tradições e costumes não quer dizer: perder os seus próprios. Ao contrário. Essa adaptação necessária para a sobrevivência num  mundo plural, fez com que os Rons adotassem crenças religiosas locais por afinidades íntimas, e outras impostas, como o caso dos grupos Rons na região da Espanha. Eles eram obrigados a vestir-se e adotar o cristianismo para que pudessem conviver num nível aceitável com os nativos locais. Muito parecido com o que os Portugueses impuseram aos índios e negros africanos no Brasil.

Religiosamente falando, embora todos os grupos conservem muitos rituais, cerimônias e tradições ancoradas em crenças culturais próprias com uma certa uniformidade, mas há uma variação dessas tradições dependendo do grupo/clã familiar de origem de cada agrupamento. Arisco-me dizer que os Ciganos são em sua maioria cristãos católicos, agnósticos e mais atualmente se pode observar protestantes/evangélicos. Como a grande concentração de Ciganos é no ocidente, em países europeus, o cristianismo acaba influenciando a religião e filosofia. Porém acredito que mesmo que haja essa influencia grande, costumes, crenças e tradições que envolvem rituais fúnebres, de nascimento, casamento, de passagem de idade, entre outras, é passado de geração e geração e ainda é fortemente observado entre os Ciganos. Mas falemos de costumes Ciganos em outra oportunidade.

Por tudo isso falado acima, querer "ditar" como os "Ciganos de verdade" tem que ser, agir e pensar, é deverás complexo. Por outro lado, muito de generalizações e arquétipos foram criados pelos "não ciganos", pela Igreja - a maior responsável por disseminar a fama de feiticeiros, bruxos, embusteiros e ladrões. Por serem diferentes e segregados dos demais, criou-se um vulto de mistério e boatos que com os anos passaram a ganhar força, forma e corpo, conferindo aos Ciganos as mais distorcidas, fantasiosas e injustas atribuições. Principalmente no que tange as Ciganas, que são vistas como místicas e bruxas, de mistérios espirituais. Mas todo esse "glamour" ou temor (dependendo de quem veja) que muitos ligados as religiões e cultos diversos, quando passamos a ver e conversar com Ciganas de sangue, vemos um outro panorama se mostrando. Sim, são mulheres "místicas" e diferenciadas, pois desde jovens são estimuladas a exercitar a sua sensibilidade espiritual através da vidência e predição da sorte e futuro. Tradição essa milenar que as Ciganas ainda ocupam nos dias de hoje. Basta observar nos centros comerciais. Obviamente que não se compara a décadas passadas, mas o costume ainda existe. E não como um "meio de vida", mas sim como um ato cultural, enraizado na formação desse povo. Porém, há muito de exageros e fantasias, principalmente no que envolve: espíritos de ciganas, seus arquétipos comumente observados e as Ciganas: grupo étnico.

É difícil querer entender um grupo de espíritos, pelo visão atual do seu povo encarnado? É. Mas não adianta querer entender as manifestações Ciganas e suas formas de atuação, sem este olhar. Da mesma forma que precisamos olhar para a cultura e formas de vida espiritual e cotidiana do indígena, quando se quer aprofundar um "trato" no seu culto dentro de religiões ameríndias, não são muito diferentes; os Ciganos. Todas essas entidades se apresentam sob um nome que traz um corpo antepassado. Se não procurarmos entender esse corpo e do porquê esse espírito traz justamente esse corpo como sua identidade, ficaremos embutindo nossos próprios pareceres, achismo, vontades, fantasias e idealizações.   Entender a diversidade do povo Rom, nos ajuda a entender melhor muitas das manifestações dos Espíritos Ciganos.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Herança ROM na formação brasileira



Muito se fala historicamente sobre Índios e Africanos; os primeiros: nativos de nossa terra, e os segundos: povo de várias etnias africanas que vieram para o Brasil como escravos servir de mão de obra para os europeus. Portanto, etnicamente somos uma mistura de 3 raças por assim dizer: indígena, africanos e europeu. As que foram massacradas e subjugadas pelo poderio europeu, hoje são exaltadas pelo povo brasileiro, principalmente o indígena. Os negros ainda tiveram que enfrentar e ainda enfrentam grandes preconceitos e discriminação, mesmo após séculos passados com o final do período escravocrata no Brasil. Mas não podemos dizer que atualmente a situação se mantem ou é pior que a 50, 30 anos atrás. De décadas e anos para cá, foi-se criando uma consciência humanitária não somente em nosso país, como em todo o mundo. Várias leis e penalidades que protegem povos e grupos sócio-cultural foram criadas para proteger e garantir seus direitos constitucionais e humanitários. Inclusive são louvados, exaltados e cultuados como antepassados do povo brasileiro em várias manifestações religiosas espalhada pelo Brasil. Nada mais justo tal reconhecimento.
Porém os direitos dos Ciganos e movimentos mais visíveis para a reparação de anos e séculos de preconceitos, perseguições e discriminação foram acontecer a bem pouco tempo atrás e ainda há muito a se galgar. É certo que não temos como comparar em termos de números de indivíduos, entre estes dois grupos étnicos. Os africanos e povos indígenas formam sua maioria, sendo os ciganos, uma minoria. Porém existe a diferença entre minoria e inexistência ou insignificância. O que é visto para grande parte dos Brasileiros é o desconhecimento completo que a etnia ROM fazia parte dos grupos de Europeus que vieram para o Brasil nos períodos históricos da formação étnico-cultural de nossa gente.

Muitas religiões e cultos de caráter afro-ameríndios (cultos que em seus alicerces tem bases africanas e indígenas), ou melhor, muitos adeptos de tais religiões, promovem segregações de espíritos Ciganos, por imaginar que não fazem parte quem sabe, da estrutura base espiritual de sua fé que é africana, indígena e influencias européias pelas mãos de nossos colonizadores. Mas fato que nossas bases étnicas também há a etnia ROM, pois muitos vieram para cá, deportados de Portugal e Espanha. Podemos levar em conta que neste caso, este grupo faz e está incluso na porcentagem da influencia européia; Portuguesa em sua maioria. Porém devemos destacar que os ROM, para se adaptar e poder viver em terras estrangeiras, se adaptava e absorvia muito da língua, costumes religiosos e sociais, e o modo de vida, sem perder a sua identidade, suas crenças, costumes, e sabedoria. Sendo assim, mesmo com a assimilação de outra cultura, estes não perdem a sua própria, permanecendo um povo com identidade e raízes próprias e distintas das demais, mesmo que estivessem vivendo num meio alheio a tal identidade racial, social e cultural. E por essa característica, podemos entender que foi preservado a herança e alma desse povo no processo de miscigenação na formação dos brasileiros. Em menor número? Claro, mas não inexistente ou insignificante contribuição. Pois toda forma de cultura de um povo é expressão de sua sabedoria acumulada de consciências anterior a atual. E isso jamais deve ser desprezada e vista como inferior em detrimento a outra cultura. Até porque, não esqueçamos a importância do sangue repassado pelos novos progenitores, falado em texto anterior. Podemos não saber exatamente de qual raça é todos os nossos antepassados familiares, mas nosso sangue não esquece jamais. Trazemos em nosso código genético todas as informações de todas as raças as quais somos descendentes e com certeza, em alguns brasileiros pelo menos, há a presença ROM em seu gene.     
E porque não valorizar essa herança, assim como valorizamos a dos índios e africanos ?
        

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Nomes de Ciganos, espíritos, “suas estórias” e os antepassados


Este texto tem o objetivo de esclarecer o que aos neófitos, parece muito confuso e, muitos por varias ocasiões acabam comprando as estórias sobre determinado espírito cigano como realidade. Acreditando quem sabe, que todos os Ciganos de mesmo nome, são iguais, tratando-se do mesmo espírito e, portanto sabedor de sua estória contada, cores, frutas que se determina etc.
Porém isso é no mínimo incoerente e ilógico, porque sabemos que os Espíritos Ciganos se agrupam sob determinado nome coletivo que represente sua “identidade espiritual” – a que ele se apresenta a incorporar nas tendas, terreiros e centros espiritualistas espalhados pelo Brasil – Por isso, entender que Cigana Carmem foi uma cigana  de 45 anos, que viveu na Espanha e teve uma filha, não vale pra todas as Ciganas Carmem. E assim vale para todo Cigano ou Cigana que se manifeste. Assim eles podem usar um nome genérico para uso exotérico, digamos assim, porém terá e tem obviamente outro nome, este relativo ai sim, a sua individualidade como espírito, como consciência criadora. Este nome não é revelado a qualquer um, ou usualmente. Este é reservado a preceitos essencialmente internos, de caráter profundo entre médium, espírito e o responsável por estar à frente dos rituais e desenvolvimento do médium, ou em contato restrito e íntimo de elevado nível mediúnico entre espírito e seu “guiado” (médium). Este nome virá carregado de significado familiar deste Cigano quando em vida e seus fundamentos energéticos que criará uma corrente magnético-fluídica com tais recursos, unindo o médium, o espírito e a energia canalizada do tronco familiar, estabelecendo um “alicerce” que ficará ativo e irradiando vibrações específicas que será a ponte de ligação mais profunda entre adepto do culto aos espíritos Ciganos, ao espírito Cigano e seus antepassados. Onde muito provavelmente o adepto seja igualmente um antepassado de mesma família ancestral. Porque ao estarmos cultuando um espírito sob uma identidade passada, nunca estaremos alheios a esta identidade passada, mas sim, fazendo parte dela, como um descendente encarnado de tudo o que ela trás e representou para a história da humanidade.
         Da mesma forma, quando estamos cultuando um espírito que se apresente ligados a nós dentro de uma identidade indígena, temos inevitavelmente uma ligação com essa mesma identidade, sendo de família comum ou afim, a nossa em tempos pretéritos. Além disso, quando louvamos os Negros Africanos, os Índios brasileiro, estaremos inegavelmente, cultuando os antepassados de nossa terra, de nosso sangue e tronco étnico comum entre nós; brasileiros. Com certeza, um de nossos antepassados, o tataravô de nosso bisavô, por exemplo, pode ter sido um índio ou negro, ou ambas as raças como os Caboclos que em seu significado quer dizer “mestiços” – Somos herdeiros dessas raças; de negros de vários troncos familiares distintos, de índios de outros vários troncos familiares distintos, de holandeses, portugueses, franceses, que se misturaram aos negros e índios, formando um legado mestiço que formou o que somos hoje. Somos por assim dizer, todos “Caboclos” e que louvamos nossa ancestralidade, repassada de geração a geração atrás do sangue, do DNA que não apaga jamais nossas origens, mesmo que elas sejam seculares e que na cor da pele, na voz, na fala, na cor dos olhos não sejam nítido os vestígios, mas nosso sangue não esconde ou nega nunca. Além disso, pensar na possibilidade de que não reencarnamos nesse território nesta vida pela primeira vez, podemos vislumbrar então que podemos ter tido alguma vida como um índio, ou filho brasileiro de escravo africano de Moçambique, Angola, Congo, Nigéria, Gana. Há na verdade, inúmeras possibilidades que nos conduz ao passado como parte dissociável de nós, de nossa família, de nossa gente, de nossos iguais.
Ao cantarmos, dançarmos, reverenciarmos e louvarmos a tais espíritos de identidades como estas, estamos também dançando, cantando e dando honras a nós mesmos, ao que nosso útero trouxe e irá trazer para a vida encarnada; ao antepassado e ao descendente. E esses “elos” transmitidos não se apagam com a morte física, pois, este corpo que habita meu espírito, é uma herança de minha raiz familiar ancestral específica de meu tronco familiar, logo tenho em meu corpo traços negros, índios, europeus. De onde eles vieram? De meus antepassados familiares, do tronco de meu pai e mãe.

 E quanta sabedoria tem em cada um desses troncos, quantas consciências construíram cada um, quantos valores, quantos registros há gravados dentro de cada “aglomerado ancestral” de nossos antepassados. E nos ligarmos a isso, além de ser uma forma de louvar nossos antecessores e tudo o que construíram para nós e que é parte da história humana coletiva também.

Baseados nisso tudo, ressaltamos que os nomes apresentados comumente entre uma manifestação e outra para o atendimento aos buscadores de amparo e orientação espirituais dos diversos núcleos de intercâmbio mediúnico, é que afirmamos tratar-se de nomes representativos apenas e não o nome que cada um deles tiveram conforme a encarnação que viveu dentro do contexto racial e social a qual está registrado em seu corpo espiritual na forma de Cigano, Índio, Sertanejo, Africano.
Entretanto, muitos espíritos podem se manifestar sem que nunca seu médium tenha exato conhecimento do que este é dentro desse tronco familiar e o que foi para o médium. Muitos cultos não se aprofundam nessa questão e pela natureza do mesmo, o intento da ligação entre médium e entidade se faz para o atendimento assistencialista aos freqüentadores, o público em geral. Logo o bojo central e visceral é estabelecer uma comunicação mediúnica para o benefício de terceiros; neste caso, o público que vai aos atendimentos oferecidos por cada casa. Porém para que se chegue neste nível de entrosamento digamos assim, para que a entidade possa se manifestar com segurança através de um canal comunicativo (seu médium), é preciso estabelecer e fixar um canal que servirá de elo, de intercessor, que irá viabilizar, não a comunicação, mas a devida e equilibrada sintonia satisfatória e íntimo entre energia do médium e energia da entidade e o que a ligação entre ambos, estabelece vibracionalmente. Ai sim, neste tocante, dependendo do culto, da casa e da forma que conduz seus rituais internos em ressonância com sua filosofia e conhecimentos, este elo será feito de forma superficial e genericamente ou de forma aprofundada e específica, indo buscar a família, os fundamentos de cada um e estabelecer isso dentro do ritual. Obviamente, portanto, indo no individual de cada espírito, trazendo sua identidade e seus elementos naturais que correspondem a esta, criando uma harmonia e sincronia com seu médium, seu guiado. Percebam que desta forma, o foco central de nosso culto é outro e não o atendimento ao público. Este se faz por conseqüência do todo, e não, por finalidade.

        

sábado, 21 de janeiro de 2012

O Hino Cigano

Assim como a Bandeira Cigana, o hino foi adotado como representante do povo Rom no Internacional Gypsy Committee Organized no " First World Romani Congress " - Primeiro Congresso Mundial Cigano - realizado em Londres, em 1971.

A música que se chama Gelem Gelem e foi composta por Jarko Janovic um Cigano Iugoslavo. Seus versos foram inspirados nos Ciganos que foram presos nos campos de concentração nazistas.

Dgelem, Dgelem lungone dromentsa
Maladjilem bhartalé romentsa
Ai, ai, romale, ai shavalê
Naís tumengue shavale
Patshiv dan man romale
Ai, ai, romale, ai shavalê
Vi mande sas romni ay shukar shavê
Mudarde mura familja
Lê katany ande kale
Ai, ai, romale, ai shavalê (bis)
Shinde muro ilô
Pagerde mury luma
Ai, ai, romale, ai shavalê (bis)
Opré Romá
Aven putras nevo dromoro
Ai, romale, ai shavalê (bis)


Andei, andei, por longas estradas
Encontrei os de sorte
Ai, ciganos, de onde vocês vem?
com tendas e crianças famintas
ai homens ciganos, ai jovens ciganos
Eu também tive uma grande família
foi assassinada pelo legião de preto
homens e mulheres foram mortos
entre eles também crianças pequenas
Ai, ciganos, ai jovens ciganos
abre meu Deus as portas escuras
Para que eu possa ver onde está minha gente
Voltarei a percorrer os caminhos
E andarei com ciganos de sorte
Ai homens ciganos, ai jovens ciganos
levantem ciganos agora é o momento
Venham comigo Ciganos do mundo
Ai homens ciganos, ai jovens ciganos

Tradução por Nicolas Ramanush Leite, presidente da Embaixada Cigana do Brasil.